A Caixa.

Luz do Sol que se vai

E a que veio

As verdades da vida

São imagens disformes

Peças finas, delicadas

Desbotadas, distorcidas

Cristalinas e reais

A que vieram?

Vieram

De um translúcido quebra cabeças

O berço rude do universo

Um peso de papel

E uma tormenta pra se atravessar

A opinião diversa

Ausência de atitude

Mais nada, além do tempo e do lugar

A fala do engano

Se finge calada

E abrange a todas as cadeiras

Da fileira lá da frente.

É se afastar do tempo

Um mantra, uma oração pungente

Um pensamento na hora certa

Pode ser que seja o último

Olhar atento ao destino

Pode ser que dois

Num primeiro momento bate palmas

Pra depois, então, dançar

Um sorriso canino em primeiro plano

Um só momento e a tudo desmancha

Não basta segurar um mar nas mãos

O mundo descontenta

E o medo aflige

E exige a lágrima também

Pra abrir teus olhos

Puros e exigentes

Sempre

A mínima simplicidade

Ausente

O maior enigma da vida

É o que revela a verdade

Guardada em segredo ainda

É uma caixa que já foi aberta

Tanto barulho ela fez

Que quando era a da vez

Ela passou despercebida

A cara calcinada à luz do Sol

Tanto a que foi

Quanto a que veio

E que passou e que se foi

No meio

Entre o começo e o fim.

Edson Ricardo Paiva.