VIDA VÃ

Cavei a cova para o meu morto

Perto do mar, ao lado do porto

Me vendo hoje, desejei meu aborto

Enquanto crescia, senti que era torto

Não sou ninguém aqui, agora

A tristeza nunca demora, aparece na hora

Enquanto almejo que as ondas do mar levem embora

A vida que eu joguei fora

O cheiro do mar e a maré

Me afagam como um cafuné

Meus joelhos cedem, mal posso ficar em pé

Estou fraco e tremendo até

Como se manter são

Se o viver aqui é solidão?

Facilmente corroídos por uma emoção

Destruídos de alma e coração?

Quebrado como as ondas marítimas

Eu admiro sua beleza legítima

Antes de eu ser uma vítima

Da minha destruição rítmica

Aqui não tive nem sorte

Não consegui ser forte

Qualquer arranhão me era um corte

Apenas espero ter paz pós morte

Quase morrendo, ouço o mar

Me desfaço em prantos ao pensar

Nas lembranças, no meu lar

E que não poderei novamente nadar

Cavei a cova para o meu morto

Perto do mar, ao lado do porto

Enquanto crescia, senti que era torto

Me vendo hoje, desejei meu aborto

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 28/09/2019
Reeditado em 28/09/2019
Código do texto: T6756013
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