Monólogo do Fim
Monólogo do Fim
Ó minha criança
Deleita-ta também em minhas desventuras,
Pois até neste sol a minha alma se amargura.
Nem a mim, nem a ti
Se escreveu uma história que se possa orgulhar e
Densas são as linhas que o tempo me faz lembrar.
E habitamos andarilhos,
Desafiando evasivamente os grilhões da morte,
Para cada escapatória, um brinde a nossa sorte.
O universo me encanta!
Para o eclipse escrevi sua beleza num poema
E eu nunca esquecerei, atônito, daquela cena.
Me apresso nestas letras,
Sem pensar quem há de ler esta minha carta,
mas escrevo antes que todo meu ar se parta.
Ó minha criança,
Eu falhei quando um deus quis me tornar e
Muito mais quando a sabedoria quis dominar.
Victor Cunha