POBRE DEFUNTO
Repleta de desencanto, minha alma sucumbe à loucura
Os céus tampados por prédios me dão gastura
O cheiro de combustível e lixo me dão tontura
Ter te visto morrer encheu ainda mais meu coração de amargura
Junto à empresas famosas e à cinza da cidade
Carrego numa caixa suas cinzas, homem de pouca idade
Que esbanjava longevidade
O homem que jurei amar pela eternidade
Vi uma vez jacintos desabrocharem perto de um sepulcro
Me fazendo pensar que lucro
Têm um homem, rico ou pobre, nesse mundo?
Talvez, pós morte, uma pequena flor perto de seu túmulo moribundo?
Como eu amo aquele homem
mas agora os vermes o consomem
Incapaz de salvá-lo de seu destino frio,
Lhe desejei um doce sofrimento e uma morte gentil
A vida o soprou para um lugar distante
Provando novamente ser muita coisa
E só um instante