3 - ESCUTE MINHA VOZ
Que faremos da brincadeira?!
No que iremos nadar?
Responda, pergunte, vasculhe,
Todo teu íntimo denso.
Doce e frio prazer relutante.
Segure minha mão, não fuja,
Clamo, suplico, ajoelho...
Inspiração, respiração, dor...
Será que ninguém percebe?!
Será que nem mesmo você,
Será que não podem me ver?!
Ah! Um mero mestiço celeste,
Esquecido como inexistente,
Turvo e dissonante.
Vagando na silhueta do tempo,
Contornando teu céu nublado.
Quantas vidas precisaria viver
Para saber como teria vivido,
Se não fosse sozinho,
O mais solitário dos homens?!
Eu sinto a sua falta, sei, é loucura,
Deveria sentir de mim, é isso?!
Saudade própria, ah, existe?!
Só se me perdi no caminho,
Mais uma vez tonto e abobado.
Flores brotam no asfalto quente,
Quem não iria se petrificar?!
Palavras, simples brincadeiras,
Nada... já perdi teu furo ausente,
A luz no alto da caverna,
Um triste fim para acatar.
Se solto-te, não aguento.
Está me ouvindo cantando?!
Clamo que me escute, escute.
Nos teus olhos vejo o sabor,
No teu futuro vejo beleza,
Nas tuas palavras vi acalmar
um atrito oculto, sádico, triste...
Dá para crer?! Acontece, será?!
Intenso é maior que tempo,
Profundo é maior que momento,
Queria apenas que notasse...
Escute... preciso que me escute,
Pois - só hoje - é muito pouco,
E amanhã novamente doente,
Estarei em silêncio oculto. //
(Augusto Fossatti)
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