Pássaro ferido

Um poema arisco pousa no alto do galho,

E olha de soslaio o coração em frangalhos;

Aparição tétrica, sem métrica, se estica...

Na certa, se cerca houvesse, seria mística.

Cercando os sonhos, e ceifando as flores,

Prenderia as cores em atos escusos e dores;

Dilaceraria a alma, despedaçaria o coração,

Em pedacinhos incertos, repletos de solidão.

Um poema livre bateu asas, voou no céu,

Poesia ofertou amplidão, adocicou com mel;

O papel do poeta que caiu ao chão, abatido...

Por setas, penas machucadas, pássaro ferido.

(2015)