Cristais com batom

Dos olhos, uma chuva delineia enxurradas no meu rosto.

Sulcada, minha alma pisoteia a argila das lamentações. Das janelas das saudades, apenas a vista cansada da estrada vazia. Tantos jardins em sonhos, mas nada de flores para serem realmente jardins.

Há luares nas pinturas e nas poesias, mas nada de luz real.

Noite é tapete de estrelas sobre o solo das mentes lamuriosas.

Esvoaçam tristezas nas brisas suspensas

e incrédulas de serem ventos um dia.

Nos campos vazios do amor, apenas a ilusão sorri, toda inocente para as dores. Um solo de violão arrebenta cordas de silêncio e pinga uma canção. Danço na quietude do salão vasto da ausência. Sem ritmo, sem tom, sem cor. Cambaleio no entrelace das pernas sonhadas.

Poesia sem métrica! Atiro-me no absurdo das palavras amargas.

Passeio lábios, nas bordas das taças sujas de batom, há vários dias.

Takinho
Enviado por Takinho em 09/09/2019
Reeditado em 11/08/2020
Código do texto: T6741302
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