(Des)ilusão

Ele era um grande rio de tristeza

Que se acreditava tão feliz

tão feliz

Que suas poesias declamava

a alegrar os amigos

Amigos, tinha-os muitos

Eram como pílulas anestésicas

A alienação de suas próprias chagas

Um dia, ele decidiu amar de novo

Encontrou uma parceira de alma

Mas o calor dos beijos

Derreteu-lhe as geleiras do esquecimento

E ele mergulhou no oceano de tristeza

E desalento

Mais uma vez, tragado pela dor

E aquela mulher transformou-se no mais horrendo símbolo de sua queda

E dela ele decidiu se afastar, para sempre

Voltou para suas poesias

Para seu frágil autocontrole

E seus amigos inebriantes

Cobriu novamente suas feridas

Com sorrisos e mentiras

Que voltou a contar para si mesmo

Para não se permitir ser realmente feliz.