Meu amor ignorado

Você desdenhou do meu amor.

Sempre fui um se, um talvez, um quem sabe, pra você.

Tem amores que não sabem amar.

Confundem tesão , paixão, com amor verdadeiro.

Amar é muito mais do que ir embora

quando o tesão acaba, quando a chama esfria.

Amar é calar a vaidade em nome do nós.

Você deixou na estrada um amor que te amava

e demonstrava isto.

Pegou carona noutra possibilidade,

noutro pra sempre , quando será que este outro pra sempre acabará?

Você não sabia a pérola que tinha,

deu o objeto pras crianças brincarem.

Mas como valorizar aquilo que não se sabe o valor?

No amor, não perde aquele que se doa,

mas sim aquele que não recebe.

Quem sabe outros olhos de encantamento, como os meus,

pairem um dia sobre você novamente.

Mas cuidado, nas horas frias que também vierem,

policie-se pra não chamar meu nome.

Quem sabe, quando a festa acabar e você

ficar na calçada, lembre que era eu

quem te tirava da sarjeta.

Você jogou fora um amor sem restrições e de verdade,

onde você era simplesmente você, e isto era tudo que me bastava.

Um amor que achou que tinha se encontrado,

mas que você fez questão de empurrar de olhos vendados,

de um avião em pleno ar.

Logo, logo, meu grito de socorro será ouvido,

minhas pedras amontoadas serão avistadas.

E como um náufrago, que sumido por anos,

volta pra casa trazendo a medalha de um filho morto

a uma mãe aflita, eu serei reconhecido!

Dom Claudio
Enviado por Dom Claudio em 13/08/2019
Código do texto: T6719044
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