Olhe em mim mesmo sendo ruim

Quanto mais gasto sola do sapato,

Fico um grande caco,

Posso me encontrar trincado,

Mas nunca acabado.

Somente um pedaço do vidro espelhado,

Fazendo parte do grande reflexo escurecido,

Sou apenas mais alguém quebrado,

Feixe de luz esquecido.

Mas minha luz acata olhares,

Passando por pessoas em seus milhares,

O olhar desconhecido de alguém,

Que para mim não será ninguém.

Tem olhos com cores arco íris,

Cada olhar atraindo uma íris,

Fenômeno de atração ao empoeirado,

Será que estou queimado?

Há olhos com desgosto,

Que não sinto voz nem gosto,

Deveria ser um mês a gosto,

De novo,

E de novo sentimento cortante.

Tem um olhar que não existe cor para descrever,

Só vendo para crer,

Que te faz querer nascer,

Que te faz querer morrer.

Tem olhar preocupado com você,

Que te deixa a mercê,

Não deixa se render,

Mas corrige custe o que acontecer.

Há olhos que brilham na escuridão,

Uma breve vontade de podridão,

Que te observa por seu desespero,

Sua dor é o maior tempero.

Há mil olhos que atentam a suas atitudes,

Preparando sua queda em altitudes,

Cheias de asquerosos truques,

Preparando-se em muques.

Uma visão de fogo ao longe,

Que se distancia ao monte,

Mais alto que um conde,

Mas que nunca vos condene.

Há um olhar especial que eu admiro,

Que eu confesso e admito,

Mas as vezes eu me omito,

Pois ser bom para mim é mito.

Procurei meus olhos castanhos,

Mas estavam estranhos,

Quando me vi,

Eu não sorri,

Não vivi,

Apenas eu estou aqui,

Aqui onde?

O olhar que tanto amo as vezes não é para mim,

Não sou início, meio e as vezes nem fim,

Ele não me segue nem perfura,

Não me cura,

Me machuca.

Pois os olhos são a janela d’alma,

Como poderia manter a calma,

Se desse olhar eu não sou objeto,

Muito menos caminho reto.

De todos os infinitos olhos que passam no meu viver,

Aquele que eu quero posso nunca ter,

Estou condenado na sombra viver,

Para que um dia meu sol volte a nascer.

Olhe para mim como se fosse herói,

Porque quando não estou na sua luz,

Me dói,

Me corrói.

Altruísmo,

Masoquismo,

Pode até ser achismo,

Mas eu cismo.

Acho que até me esqueci,

Como que me aqueci,

Donde eu nasci,

E onde eu me perdi.

Olha para mim, não sou esse monstro que aparento,

Preciso de um momento,

Mesmo que o resultado seja lento,

Fique atento.

Porque onde eu disse que faltava seu amor,

Não ouvi meu próprio clamor,

Pois o buraco virou lápide latente,

Aonde deveria ser meu coração ardente,

É carência misturada com demência,

Nem se explica pela ciência,

Pois o Deus que sou de mim,

Mente em onipotência.

Estive desesperado esperando que descanse o olhar no meu pesar,

Mas apesar de qualquer situação,

Por somente pensar,

Amanhã é um dia de superação,

Olhe para mim,

Que não farei arrepender,

Pela escolha que eu fui ser,

E quem sou eu com esses olhos?

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 06/08/2019
Código do texto: T6713414
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