Lítio
Sou o que eu tinha que ser
O retrato falado das sombras
Na penumbra escura ao anoitecer
Vejo em claro o que me assombra
No reflexo em devaneio oscilante
Fiquei preso aqui neste instante
Aonde eu vejo e revejo meus erros
Sentindo o gosto de sangue e ferro
Mas eu sou a noite clara à luz do sol
E o dia escuro em madrugada
Se me cabe um afago em meu lençol
Fico feliz em dormir na cama gelada
Aos olhos de quem me viu sorrindo
Vislumbra-se em meu devastado interior
Um jovem coração partindo
Buscando em lembranças o seu amor
Entorpecido pela química da noite
Me solto em torrente rumo ao mar
Fugindo das tiras lacrimosas do açoite
Crendo que as águas irão me curar
Afogo-me logo
Afoga-me logo
Parta comigo
Afunde comigo
Prenda a respiração
Não solte a minha mão...
(Guilherme Henrique)