Caindo em Pedaços
Quando te deixam pelo caminho
Quando te exigem o mundo - sozinho
Quando te chutam para fora
Quando só o desprezo te sobra
Oh! Sufoca-me a noite em eternos assombros
É, e de mim já tropeço nos próprios escombros
Sim, sim, da vida colho prêmios em pesadelos
Não, não! Sobre mim vem o medo dos medos!
Sem armas para me defender
Sem fontes onde beber
Sem sonhos com que sonhar
Sem ninguém a quem amar
Vazio existir, limbo de miragens
Noites sem fim, do próprio Hades paragens
Sucumbirei enfim nesse vale de sombras?
Busca o diabo min'alma em incansáveis rondas?
Sem amigos para chorar
Sem deuses para adorar
Sem um leito para dormir
Sem motivos para sorrir
Lancem sobre mim o láudano e o torpor
Pois já padece-me o espírito em tamanha dor
Lúgubre corvo esculpe-me o epitáfio
Entranhas de áspide enfeitam-lhe o cardápio
Vem o crepúsculo em manto de tristeza
Do próprio cosmo maior não é a frieza
Castigo tal não se abateu sobre Sodoma
Pois que me aprisione o implacável coma!