Caindo em Pedaços

Quando te deixam pelo caminho

Quando te exigem o mundo - sozinho

Quando te chutam para fora

Quando só o desprezo te sobra

Oh! Sufoca-me a noite em eternos assombros

É, e de mim já tropeço nos próprios escombros

Sim, sim, da vida colho prêmios em pesadelos

Não, não! Sobre mim vem o medo dos medos!

Sem armas para me defender

Sem fontes onde beber

Sem sonhos com que sonhar

Sem ninguém a quem amar

Vazio existir, limbo de miragens

Noites sem fim, do próprio Hades paragens

Sucumbirei enfim nesse vale de sombras?

Busca o diabo min'alma em incansáveis rondas?

Sem amigos para chorar

Sem deuses para adorar

Sem um leito para dormir

Sem motivos para sorrir

Lancem sobre mim o láudano e o torpor

Pois já padece-me o espírito em tamanha dor

Lúgubre corvo esculpe-me o epitáfio

Entranhas de áspide enfeitam-lhe o cardápio

Vem o crepúsculo em manto de tristeza

Do próprio cosmo maior não é a frieza

Castigo tal não se abateu sobre Sodoma

Pois que me aprisione o implacável coma!

Isaque
Enviado por Isaque em 26/07/2019
Reeditado em 09/04/2022
Código do texto: T6704764
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