Fugitiva

Sei que foi longo o silêncio

desse tempo em que mergulhei

no profundo mar de mim mesmo

e que na verdade, não pensei;

andei meio perdido, à esmo.

Sei que foram tantas madrugadas,

insônes e de uma pálida estrela

fracamente, ao longe brilhando

e eu, ao me esforçar para tê-la,

ia aos poucos me distanciando.

Que martírio, senti-la tão longe,

que ânsia minha, em procurá-la.

Pobre de mim, cego e em dor,

nada mais fiz, a não ser desejá-la

com o mais puro, mais lindo amor.

Agora, sei que a minha procura,

ensinou-me a sofrer assim, calado

e a fazer versos da minha loucura;

poemas tristes, de mim arrancados.

Riva
Enviado por Riva em 25/09/2007
Código do texto: T668016
Classificação de conteúdo: seguro