Fugitiva
Sei que foi longo o silêncio
desse tempo em que mergulhei
no profundo mar de mim mesmo
e que na verdade, não pensei;
andei meio perdido, à esmo.
Sei que foram tantas madrugadas,
insônes e de uma pálida estrela
fracamente, ao longe brilhando
e eu, ao me esforçar para tê-la,
ia aos poucos me distanciando.
Que martírio, senti-la tão longe,
que ânsia minha, em procurá-la.
Pobre de mim, cego e em dor,
nada mais fiz, a não ser desejá-la
com o mais puro, mais lindo amor.
Agora, sei que a minha procura,
ensinou-me a sofrer assim, calado
e a fazer versos da minha loucura;
poemas tristes, de mim arrancados.