Retrovisor
Você nunca soube o quanto andei,
percorrendo estradas a fio,
quilômetros de asfalto,
rodando de estrada em estrada,
abrindo mapas em rodovias,
tentando seguir minha bússola interior,
sentindo jamais ter um pouso,
vendo sempre o mesmo rosto no retrovisor,
todas as músicas tocadas no rádio do carro,
lembranças de saudades distantes,
das tatuagens que carrego em cada cicatriz,
suspiros de angústias mal curadas,
das perguntas que o mundo não respondeu,
das orações que Deus não escutou,
vidas passadas de um presente perdido,
talvez um dia me perdoe por não ir,
talvez jamais compreenda minhas ausências,
silêncios de um turbilhão interior,
no labirinto de minh'alma,
cruzada de norte a sul,
esperando pela estrela cadente que mude a sorte,
você nunca soube o quanto é difícil seguir assim,
nesse escuro de rumos tortos,
nessa descrença de tudo a volta...