Sal

Achei que me acostumaria com o gosto,

Elas se secam e deixam rastro,

trago inúmeras marcas no rosto,

molham meus lábios e até me engasgo.

Se entremeiam em cada abertura

arde, eu me fecho, logo me rasgo.

Me esforço, mas não mantenho a pose.

elas voltam e é pouca água e muito sal.

Pode ser que eu me entupa de doce.

Mas o agridoce também me faz mal.

Sei que não é bem o ideal,

melhor se vivesse sem nada disso,

fico com o amargo

que a prazo largo

é bem mais compreensível.

O sal que era pra ser prazeroso,

pra elevar os sentidos,

em excesso deixa improdutivo,

quase infértil, horroroso.

Era para ser lindo,

eu esperava por isso, não minto.

Depende do ponto de vista,

há quem insista.

Se acostume com o sabor,

depois de tanto sofrer,

o que é a sensação de ardor?

O nó na garganta, a sede por ceder?

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 18/06/2019
Código do texto: T6675914
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.