Mar Mudo (Releitura de "O Grito" de Edvard Munch)
Surge!
Da morosa dor;
Do súbito desespero;
Do desgosto da vida e amor;
Do inalterável pesadelo.
Lamenta!
Minha relevância microscópica;
Meu silencio escrupuloso;
Minha existência anfigúrica;
Meu espirito choroso.
Ascende!
Da garganta de meu peito;
Do plasma de minh'alma;
Do chão qual eu deito;
De minha forçada calma.
Vem!
Assustadoramente dissimulado;
Ensurdecedor em meus ouvidos;
Afônico e enrouquecido;
Para os alheios, em timbres desconhecidos.
Grito!
Ecoa hediondo
Em meu ser deplorável;
Mantenho-me caminhando;
Mantenho-me afável.