O grito...

Rasgo o peito, o grito ainda está preso

Quem me dera alguém ouvisse minha voz.

Mas meu grito tem vontade própria

Não quer se ouvido,

não ousa passar pelas cordas vocais,

E sair estridente.

Faz de tudo para não ser percebido.

Então usa de grande destreza,

Se prende à garganta, até tornar-se insuportável.

Vai com calma noite a dentro, sem ser visto.

Com muita sutileza. Se transforma em correnteza.

Permanece em silêncio, transborda nos olhos,

molha meu travesseiro e vai embora.

Mas promete voltar.

Alessandra Fersan
Enviado por Alessandra Fersan em 06/06/2019
Código do texto: T6666139
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