Dondé que surge o sofrimento

Aqui donde ando de sapato social,

Cruzando esquina e atravessando sinal,

Numa sina descomunal,

Que tipo de vida é levada com tanto sofrimento.

Nuvens cinza avermelhado,

Cinza borralho e vermelho chama,

Cor que do céu chama,

Luz do pôr do Sol,

Cheiro de poluição e formol,

Fico até triste pela morte do arrebol.

Asfalto arranhado,

Sinal fechado,

Moto arrancando,

Qual perigo continuemos nos arriscando,

Está se importando?

Quanto custa a vida de um humano?

Displicente e amparado,

Com pasta do escritório em mão fechada,

Carro que freia assustado,

Buzina que fala mais alto que matraca.

Dante errou,

Se enganou,

Esqueceu que tudo aquilo que formou,

Tudo que pintou,

Estava mais para cima que aparentou,

Por isso escavar não adiantou,

A verdade chegou.

Vida em sofrimento abundante,

Adoecimento constante,

Sempre sendo o atacante,

Percebe que errou, Dante?

Que perda há a vida em inconstante imortal,

Sois racional,

Lutando contra forma irracional,

Contra nós mesmo na moral,

Vivendo em crime imoral,

Falar de infinito em vida mortal,

Parece precipitado,

Pois é pitada da Morte,

Por pura sorte.

Violência invisível da própria mente,

Que mente,

Violentamente,

Violenta mente,

O homem é o lobo do homem,

Que se consomem.

Vida é sinônimo de Tanatologia,

Vivendo mortal orgia,

Acarreta acontecimentos constantes,

Para acrescentar em seus montantes,

De corpos andantes,

Em seus sentimentos inconstantes,

Coração é terra desconhecida,

Mas de areia movediça,

Pedra quebradiça,

Se não agrada,

Agrava,

Desperdiça.

O verdadeiro inferno se encontra em seus pés,

Não abaixo das marés,

Não trancafiado seus males,

Se escondendo em ternos e chalés,

Em todos os cantos dos sete mares.

Seja em angústia ou agonia,

A mais pura ironia,

E ela em si sorriria,

Soberba de razão,

Porquanto faz sofrer quem caminha sob seu esquálido,

Não me olhe de rosto pálido.

Há quem sente,

Quem consente,

Que sente,

Quem prende,

Quem tende,

Que morre constantemente.

Agora romantizo tanto o inferno,

Donde me veio epifania,

Que me proporcionou chance em terno,

Que me preencheu de alegria,

Inferno romântico e amoroso,

Acatado por Deus misericordioso,

Fazendo vos sofrer por algo pior,

Pinga carne no suor.

O inferno é aqui e vivemos,

Aprendemos,

Que errar é humano,

Que matar é desumano,

Pecar é normal,

Afinal,

De forma informal,

Quem vai para o purgatório,

Se esforçar no escritório,

Ter confidência notória,

Exaltar Deus em sua glória,

Tentar,

É diferente de errar,

Mudar,

É uma forma de amar,

A si e quem te quer,

Sendo o que Deus quiser.

Então me mostro em correnteza,

Me levando com certeza,

Que alguém zela por minha fatalidade,

Podendo cuidar de mim pela eternidade.

Pois me gozo de vontade de morrer,

Ser o meu melhor ser,

Só para Deus conhecer,

Tocar-lhe em face,

Beber de seu cálice,

Pedir perdão,

Me banhar em unção,

O convite nunca foi tão prazeroso,

Desse Deus poderoso,

Morrer nunca foi tão convidativo,

Voltando para jardim que sou nativo,

Mas estou longe do que Jesus foi,

Ou novamente será,

Então tenho que continuar,

Viver com honraria,

Para um dia,

Existir em harmonia.

E para isso preciso ser vento,

Até água no mar lento,

Se para demonstrar meus sentimentos,

Meus insanos pensamentos,

Precisasse derramar a mim mesmo,

As cachoeiras dos meus olhos,

Seriam apenas vazamentos.

Chovendo em céu sem nuvem,

Sentimento,

Que nu vem,

Amém.

Posso dormir,

Posso descansar,

Vou cantar,

Agora que meu coração amargo,

Pôde falar.