Superba Contingência
A quem perneio poesia em forma de oração,
Penetra-me sabedoria no meu coração,
Pois de mente encontro em contingência,
O pior inimigo do absoluto é incerteza.
A pior lágrima é aquela que não sai,
A perna que não vai,
A palavra que não esvai,
A máscara que não cai.
Qual o preço da mudez,
Que por sua vez,
Mais uma vez,
Em sua absurdez,
Mantem-se como voto de Minerva.
Se eu parasse para contar quantas estrelas formam a fantasia,
Diria que o próprio céu é heresia,
Pois se foram sonhos entregues a mão do Nume,
Qual é minha estrela que perece no cume?
Portanto acontece o pior dos castigos,
Pior que traição de amigos,
Aberratio de inimigos,
O silêncio nem chega perto do que a solidão proporciona.
Pai me tira toda tristeza que o mundo me insere,
Tira-me as presas de Jörmungandr que me fere,
Não me acelere,
O pior castigo é a substituição,
Quando a colecionadora,
Cala-se e a usurpadora,
Entra em ação.
Do teu véu me cega do que o coração não mostra,
Me junta os vidros dos cristais em transparência me amostra,
De mim, a Ti prostra,
Não deixeis que frustra.
Meu maior desejo é a consequência que a morte me proporciona,
Pois a tuas mãos modeladoras aciona,
A mim tiras e adiciona,
Peço que vivencie aquilo que mereça ficar,
Caia por terra tudo que necessite mudar,
Quebre quantas vezes precisar,
Mas não me deixe sozinho.
A noite contrai qualquer sentimento de acolhimento,
Lugar que escondo toda lágrima em cimento,
Compasso de cada passo,
Pensando nas insanidades que eu faço.
Porque senti raiva num momento de felicidade,
Me fiz tolo em momento de alegria,
Digo um tudo bem fingindo esconder a verdade,
Asno que de iniciativa tem alergia,
E a maior ironia,
É esperar de quem me faz contrário,
Deixá-la tão mal com cara de otário,
Sou hilário,
Com nem mesmo fazer piada,
Dá-me por massacrada,
Essa consciência,
Indecência que não acrescenta,
Finge que sustenta,
Me alimenta,
Me envenena.
E numa música em trompete ela não diz,
O tudo bem e o nada não condiz,
Eu pobre infeliz,
Me entreguei a tristeza pelo movimento do nariz.
Por um triz,
Não parei na calçada,
Não me dei um tapa.
Deus me perdoe por ser sucinto,
Sou humano, eu sinto,
Sinto muito por errar no mesmo erro,
Colhe para ti a profanação do meu mental acervo,
Transforma num acerto,
Como flecha me rasga o peito,
Que no meu antigo leito,
Faça-me eleito,
De tudo aquilo que teu filho não pode me fazer ver,
Do quanto eu tenho vontade de crer,
Eu quero renascer,
Mas o que eu vou fazer?
Dessa madrugada me traga um motivo a cama deitar-se,
Antes de acabar-se,
Em lágrimas e olhos a prantos,
Dormindo em novos espantos,
Já que não posso ter seus cantos,
Escondo-me em cantos,
Meus motivos de mudar são tantos,
Concretizar que me mostra quão humano sou,
Pois lá me vou,
Errar e repetir,
Um coração partir,
Faça sorrir,
Antes da lágrima bater no chão,
Quero aguentar, se não,
Então.
Não deixe torpe descrente,
Não é culpa crescente,
Já fui semente,
Mas na minha mente,
Mente,
Que a gente,
Está bem,
Mas vai ficar,
Quando eu acordar,
Eu não estarei lá,
Comigo novamente.