Aqui está o meu coração
Aqui está o meu coração,
Menino sedento de atenção,
Simplório em santificação,
Noviço a quem é andante em cal.
Carregando nas mãos core pulsante,
Descalço em ritmo andante,
Passos que lhe distancia de casa,
A aventura do mundo se abraça,
A primeira chama em brasa.
Em busca de identidade,
Torpe em veneno para própria idade,
Não tinha gana e vaidade,
Do trinco que viria cedo ou tarde,
Contudo leve em sinceridade,
Imaculado do mundo em sua verdade,
No caminho de encontro com a mocidade,
A primeira crise de personalidade.
Transpassando no caminho de calcário,
Tiraram-no pedaço em supetão mercenário,
Cortando sua família do cenário,
Esteve sozinho sem casa a recorrer,
Procurando motivo para se conhecer.
Ouvindo-lhe um estrondo,
Suplicando a eu-lírico confronto,
De busca com quem queria ser,
Prestes a enlouquecer.
De primeiro passo encontro a homem esguio,
Corpo quente e repouso vil,
Rosto calmo porém sombrio,
Levando tensão a mil.
Aqui está o meu coração,
Levou-o até sua mão,
Ele de antemão,
Pegou seu rosto pela palma,
E de forma calma,
Olhou no fundo de sua alma,
Sua unha arregalando a pálpebra inferior,
E o menino encarando o horror,
Mas existia calor,
Então cedeu,
O coração ele deu.
Andando em sombra do novo fabro,
Conhecendo a magia do mestre macabro,
Sentia-se endiabrado,
Mas o preço de não estar sozinho está sendo cobrado,
Não lhe havia sobrado,
Um pingo ou um centavo,
Estava acabado,
Deteriorado.
Com bebida fez escorrer sangue fervoroso,
A mente ocupada com pensamento nervoso,
Tinha um olhar tão tenebroso,
Perdido na próprio entendimento nebuloso,
Só precisava de um toque caloroso,
Mas tudo se tornou tão oneroso,
Principalmente amar a quem lhe cumprimentava,
Perdeu a tudo que amava,
Se contorceu enquanto ninguém falava,
Até que se acostumava,
A uma vida acabada.
Os pés inchados de tanto andar,
Carregando a todos um pilar,
Só estava a se ensanguentar,
Então poderia procurar nova razão para amar,
Não queria parar,
Não queria tentar,
Só queria sentar-se,
E ali se acabar.
Após experiencias de impugnação,
Decidiu que estava melhor compondo própria canção,
Tomou-lhe do mestre seu coração,
Partindo para um caminho sem conturbação.
Andando mais a frente viu homem em vestes simplórias,
Perguntou-lhe suas atitudes heroicas,
Pregada nas histórias,
E conseguiu a filosofias Estoicas.
Aqui está o meu coração,
E o homem em suas mãos cansadas pegou-o em mão,
Deixava lágrimas cair perante semblante,
Disse que já sabia a minha chegada a todo instante,
Sabia da minha dor constante,
E não obstante,
Sofrera bastante.
O homem segurava meu coração com amor,
Sabia de todo possível ardor,
Toda passível dor,
Coração conquistador,
Antes de lhe entregar,
Já estava a chorar,
Pois no momento que eu fosse chegar,
Veria que o destino veio me maltratar.
Abraçando-o em úmero,
As batidas incontáveis em número,
Me vendo em cólera,
Me vendo enquanto fera.
Desse modo lhe chamei de meu artesão,
Me fazendo melhor em cada oração,
Deixando-me crescer dês da criação,
Aqui estando meu coração,
Cansado de tanta perfuração,
De tanta conturbação,
O coração que me deste em criador,
Preenchido com tanta dor,
E ele ouvinte de todo clamor,
Não permitiu por amor.
Estou tão cansado,
Estou tão irado,
A qual sacrifício vale minha felicidade,
A quem serei perante minha idade,
Qual o gosto do amor que não me amarga a boca,
Quanto de algodão deixa a caixa torácica oca,
Por me fazer alguém melhor,
Por me fazer alguém desigual,
Quanto poderei ser real?
De pés em músculos,
Banhado pela luz do crepúsculo,
De corpo tão minúsculo,
Vivendo a todo século.
Aqui deixei meu coração,
A alguém que se fez de estranho,
Mas não deixo meu amor perecer por duas pessoas,
Que enxergaram meu olho negro no resplendor como castanho.
Aqui fica meu coração,
Perpétuo em devoção,
Aqui fica meu coração,
Para inspirar qualquer canção,
Aqui fica meu coração,
Mesmo estando tão destruído em comoção,
Aqui fica meu coração,
Mesmo querendo tanto chorar.
Deixe marcas,
Só não arranque pedaços.