A BAGACEIRA

A BAGACEIRA

A pureza é tenra taça,

De cristal em mãos estranhas;

A certeza da esperança,

Em duras penas é o bom inferno.

O sorriso da coitada dançarina,

Em louca dança sem dançar;

Onde os astros sem luz própria,

São meros coadjuvantes a divagar.

Vejo rosas pequeninas sem perfume,

Confusas e apáticas perambulando em madrugadas;

Seus ciúmes são disfarces tão confusos,

Nos jardins das desfolhadas defloradas,

São ralhadas as andorinhas, coitadinhas,

Sempre em busca do verão;

Primavera adolescente nesta vida,

Indecente, onde a luz esquecida é tentação.

*JORGE LUIS BORGES