Réquiem
Meu passado é como um trilho de trem,
Não há volta,
Como um carteiro solitário que saiu de sua terra natal
E viu sua destruição,
Meu passado é repleto de espectros de muitas cores,
Tons de cinza sem vida tingidos de medo,
Os cadeados do segredo,
Costuram-se nos lábios do presente,
O passado é garoa que chega pela porta dos fundos,
Sem pedir permissão para entrar.
A garoa leva o homem,
Como um barco de papel naufragado em uma poça,
Meus sonhos bestiais pairando,
Nas ruas do tormento.
Minhas lembranças arcaicas,
Tingem meu corpo,
Como um berço de cinzas,
Como se a morte beijasse a vida,
O que resta do meu tempo,
Nos confins dessa neblina?