Preces.

Eu tento entender

O sentido de as portas se fecharem

No momento em que cortinas se levantam

Eu tento dar sentido às minhas preces

Minha oração sem ruido

Dirigido em direção à torre

Onde quando era menino

Tinha um sino que me entristecia

Eu tento entender

O que se passava no meu coração

Naqueles dias

Porque não havia ainda a porta certa

Mas a melodia dos sinos

Eram como lindas portas

Que se achavam sempre abertas

E na tarde havia luzes coloridas

Flutuando como borboletas

Quando eu me lembro

De ter me sentido triste naqueles dias

Rebuscando estrelas de madrugada

Sem buscar o sentido da vida

Sonhando voos inexistentes

Num tempo em que se percebe

Que não há razão para a pressa

Nem proteção, quando portas se fecham

Pois, de alguma forma

A alma viaja no tempo

E sobe na torre do sino

E atravessa transparentes cortinas

Tudo isso ao mesmo tempo

Como luzes coloridas

Invisíveis pra essa vida

Breves insetos

Borboletas atrevidas

Quietas

Qual se fossem setas envenenadas

Alma que não se vê, nem se viu

Mas quando também não se ouve

O ruido dos sinos morre

A janela se fecha também lá na torre

Ficou tudo na tarde passada

Muda, sombria

E é só nesse dia

Que se escuta à porta a batida

Mas a alma já está de partida

Sem um ultimo olhar

Despedidas

E o sentido da vida é nada.

Edson Ricardo Paiva