Cruz Branca

Ei, andarilho da encruzilhada

Ei, plantador de sonhos infecundos

É, a vida escorre em mera piada

Como o amor em uísque vagabundo

Mamãe, afaste de mim a cruz branca

Você sabe, preciso deixar minha semente

E essa mulher torna minha dor tão branda

Espasmos desperta em coração já dormente

Sinta o ritmo, querida

Mergulhe na lágrima do movimento

Liberte-se da ferrugem dos sentimentos

Pois é a vida passagem só de ida

Mamãe, tanto medo senti do mundo

Lições necessárias traz a desproteção

Cruzando o delta em pesar profundo

Espinhosas amarguras irrigando o coração

Meu leito é seu toque, mulher

Seu cheiro, o alento que persigo

No horizonte branco, todo o suor que puder

Finda o dia derramo, pouca é a dor que mastigo

Mamãe, para morrer encontrei uma razão

Sem da vida reclamar um tostão

O diabo foi-me companhia em sina tão hedionda

Noite de fadiga eterna já não me ronda

Então andarilho moribundo, ignore suas perdas

Símbolo de revolta, é o rio com suas correntes

Incerto curso nos traz a estas veredas

Vomitados tal qual vermes em areia ardente

Então querida, ampare meu colapso

Enquanto meus olhos contemplam o paraíso

Deixe a dança da vida sofrer seu rapto

Enfim veio o dia em que ganha a brisa meu sorriso

Mamãe, mamãe, a cruz branca...

Mamãe, mamãe, esperança...

Tamanha escuridão que me cerca

Desfazendo-se na luz que me liberta

Isaque
Enviado por Isaque em 30/04/2019
Código do texto: T6636248
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