Versos a sua ausência
No suspiro da manhã,
Caloroso e indisposto
Sobre minha palidez
E a frieza em meus ossos.
O receoso abrir dos olhos
Concebe a mim uma
Visão não tão clara
Como a de ontem.
A quebra da tipicidade
No fluir dos dias,
Seu rosto não se abriu
Nas linhas de um sincero
E tímido sorriso.
Como se na aurora
O Sol se recusasse
A subir nas primeiras
Horas em que
Escondem-se em espreita
As segundas intenções
Nas sombras de cada dia.
Ao passar das tardes,
Sua ausência ecoa
Pela vastidão a qual
Me deparo sem escapatória.
Sem as conversas de meio-dia,
Sem as boas-vindas ao fim do dia,
Sempre um grande espaço
De silêncio não preenchido
Com o costume soar de suas palavras.
É a indesejada fonte
De uma inacabável inspiração
Que rasteja pelas veias
E bombeia violentamente
O quebradiço coração.
Nos pensamentos que
Colidem entre si
Na movimentação
Astronômica deste
Catastrófico corpo celestial.
Inútil e descartável,
O ápice dos momentos
São involuntariamente
Revisitados e rebobinados,
Como se algo estivesse
Perdido ou incompreendido
Em seus segundos de eternidade.
No instinto pavloviano
Em que eu seria cercado
Por minutos de sua presença,
Mas esta se mostra bem longe
De qualquer merecer meu,
Uma benção de purezas
Que afugenta as almas
Escravizadas pelo pecado.
Uma força maior me puxa
Para fora do centro,
Tira-me de dentro de ti
E me põe para encarar
O nada nos olhos de mim.
Faiscando e incendiando
Na insuportável temperatura
Em que queimam a si mesmas
As inflamáveis memórias,
Deixando apenas cinzas
A ser a razão para
Um amargo contentamento.
Vai-se com as ondas desse mar,
Mergulho-me com a intenção
De me afogar em seu
Almejante oblívio,
Nado para fora do meu corpo
Até me tornar parte
Deste imenso vazio
Azul e frio.
Até que nada eu sinta
Fora de versos e linhas
Me aflija com o sofrer
De uma profunda e verdadeira dor,
Recordando-me mais uma vez
Que no final das contas,
Sempre houve algo a sentir.