Madrugada em frio bruto
Uma imane e vil tristeza,
De selvagem natureza,
A minh’alma invade agora...
Entre as mãos oculto o rosto,
Afogando-me em desgosto,
Num delírio que devora!
Esta tristeza maldita,
Com trejeitos de infinita,
Cospe pus nos sonhos meus!
A tristeza é tão profunda
Que eu apelo à crença imunda,
Invocando o tal de Deus!
Madrugada em frio bruto!
Veste a vida véus de luto,
Num martírio de paixão...
A tristeza é tão intensa
Que parece uma doença
Das que arrastam para o chão!
Caminhando sobre escombros,
Eu carrego, nos meus ombros,
Muitas perdas, sem perdê-las...
Sofrimento estranho e torvo,
Devorando, como um corvo,
Toda a carne das estrelas!