Poesia é dor que poeta fia

Esse silêncio, que não é meu, é o pior poema,

Pão sem cobertura, café com açúcar, dilema;

Que o coração aceita, transforma e emoldura,

Rompe o instante, depois, fecha essa ruptura.

Costura com ternura essa alma entristecida,

Tecida com fios de saudade, na solidão crua;

Rua de passos solitários, na multidão do dia,

Poesia é dor que poeta fia, na manhã tão fria.

Silêncio pode ser bom, vem e faz companhia,

Aos versos, e quando tudo ronda, até a morte;

Beijará a noite, a madrugada, as horas do dia,

Deixará silêncio; e o resto, a sua própria sorte.