QUIMERA

Morava em uma velha tapera,
Chamavam-na de quimera,
Porque vivia a sonhar...
Com um confortável lugar,
Um futuro feliz,
Eterna primavera,
Flor de cativante matiz.
Saiu de lá, saiu sim,
Adeus vidinha magrela,
Adeus vão da janela,
Isso não faz mais parte de mim.
Ah! mas, a vida pode ser mais dura do que já é,
Um desafio para a fé,
Um texto cortante de Machado de Assis.
E quimera conheceu a realidade,
Na intimidade masculina,
Em uma entrega alucinada,
Foi usada, foi flor despetalada,
Paixão não correspondida,
Enviesada sina.
E ela sentiu saudades,
Da longínqua tapera, da janela,
Da luz de lamparina,
Das lúdicas cantinelas,
Do seu mundinho singelo,
Agora, a tapera era um castelo.
Mas, voltar não poderia,
O caminho é somente de ida,
Na inquieta influência,
O peso da palavra sobrevivência,
O não ter o que fazer,
Além de se oferecer,
Nas congestionadas esquinas,
Quimera não mais existia,
Atendia simplesmente por Maria.
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 HLuna
Maria, nome divino,
a mãe daquele menino,
que por nós morreu na cruz...
Seu nome era Jesus.