1964

Sob a égide da constelação estrelada,

nas noites claras de um sonho tropical,

figuras sinistras conspiravam.

E permitiram-lhes os deuses todos os poderes

para o bem e para o mal.

No entanto, enquanto no canto do céu,

a ponta da cruz indica o sul,

um canto de dor dobrava o corno da lua nova,

sob a égide da constelação estrelada.

Abril apenas o outono mediara,

e o inverno descia rigoroso:

nos cárceres da infâmia e do grotesco,

figuras famintas caídas no inferno

batiam dentes sob o açoite do torturador,

E o sonho da igualdade penhorada

jazia na tumba de falsas promessas

ao som das botas no asfalto negro,

sob a égide da constelação estrelada.

BH – 21.9.1978 /SP – 15.2.2018

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