Insónia (Reedição)
Não durmo há uma vida
Meu sono está cansado
De rodear na noite vã
Por sonhos acordados
Deito-me erguido como cruz
Meu corpo esvazia a cama
Dobro os braços atrás das costas
Estendo os pés na parede
Para organizar ideias
Em pensamentos me desvio
Perco-me sem andar
E no deserto desse rio
Onde a fala é aleatória
Afogo minhas mágoas
Desabafo com o silêncio
Sou ignorado e sinto náuseas
O barulho da vizinhança
Fala pequeno nos meus ouvidos
É a calma que acho em mim
Que me inquieta e assusta
Guardo tanta lama no peito
Coisas que ninguém ouve
Tento falar com a caneta
É a mão que dorme.