Insónia
Não durmo desde amanhã
Meu sono está cansado
De dormir na noite vã
Sonhos acordados
Debandei da cama
Meu leito esvazio
Para organizar pensamentos
Num mais perto desvio
Não me tirou do descanso
O barulho da vizinhança
A calma que achei em mim
Tão estranha e inquietante
Um tímido espectro
Convidou-me a sair
Com um zumbido qualquer
Me queria levar
É tanta lama no peito
Que ainda guardo decerto
Como disso acordar
Se não consigo dormir?
Tenho atitudes congeladas
No frigobar da raiva
Que em meio o tormento
Põem-me a boca fechada
Talvez fosse a rotina
Os erros consecutivos
O fracassar deste sono
Que vejo morto sem motivos
Talvez fosse o remorso
O desmaiar da esperança
As razões para os pesadelos
Quando em fim fecho os olhos.