Insosso
Minha alma sufocada
Meus desejos anulados
Não sei o que é sonho
E acordar é pesadelo
Acordar e o primeiro anseio
É um bloco de concreto no peito
Despencado do teto
E me acertando em cheio
Ou andar na rua
E uma bala perdida ser encontrada
E meu corpo cai
Com tantas mortes na cidade, nunca é minha vez
Acidente, intencional...
De preferência rápido
Sem gastos para quem fica
Só o fim mesmo
Tudo só acaba
Tudo só termina
E deixo a vida para quem gosta
Eu só queria deixar a minha
Não é a pior vida
Não reclamo dela
Nem digo que não há alegria
Fraco sou eu para viver a vida
Até agora, por cultura
Eu empurro a vida, dia a dia
Mas confesso, sem estímulo e cansado
Curiosidade por ver, se eu não empurrar mais
Invejo quem sente salgado ou doce na vida
Para mim parece só aguado hoje
Insosso, me dá ânsia
Como há o querer acordar assim?