A dor de dentro
Esse riso gargalhada
Esse olhar compreensivo
Essa piada mal contada
Essa presença bem sentida
A máscara mais bem feita
Anos esculpindo no rosto a perfeição
Retocando de tempos em tempos
Para nunca jamais ser descoberto
E quer ser descoberto
Quer ser encontrado
E não quer
Pois pensa que será um enfado
Então resiste até que desiste
Insiste até que desfalece
E não resiste mais
E não insiste mais
É dor que se chama
Uma chama que arde dentro
E destrói tudo
Por último a máscara
Quando se desfaz é espanto geral
Aquele feliz não o era de fato?
Como não vimos?
Como não percebemos?
Culpa dos melhores atores da vida
Mascarando sua dor durante anos
Não culpam ninguém em especial
Culpam-se, e não se sentem especiais
Nestes sempre rondam o espírito sombrio
Sempre perpassando, falando, aconselhando
As palavras doces de um veneno bom
Que negamos por tanto tempo, que às vezes cedemos