De passado em diante...
Quando menino, desde o primo brado,
Fitando o céu eu fui me acostumando
Que cada estrela era um altar sagrado;
... Me adormecia sob a vela orando.
Depois, na aurora que co’ sol surgia
Por entre as nuvens sempre o desenhando,
Gorjeava o vento, o beija-flor sorria,
E eu despertava bem feliz cantando.
Anos mais tarde, aos trancos da invernia,
O céu cinzento a chuva derramando,
Como a contar meus traços de agonia;
Me adormecia como o céu... chorando.
Hoje me encontro, como que exilado
Dos meus amores de um passado brando.
Maciças “cordas" de um metal pesado,
Minha alma triste segue carregando.
Sorrisos, choros, mágoas e alegrias:
- Os quatro ciclos que passamos nós!
Dos berços quentes para as macas frias,
Nascemos juntos, mas morremos sós.