Ondas
Em um dia de grande ressaca
Na beira da tua praia deixei segredos
Coisas que só se conta ao luar
Tudo que escrevi na areia
Tuas águas jamais vão revelar
No vai e vem das tuas ondas
Indecisa inconstante a deslizar
Num instante me inunda no outro seca
Me confunde e tortura até cansar
Molhando os pés do sonhador
Minhas pegadas vejo apagar
Dando lugar a um piso frio
Lembranças doces vão sumindo
No andar solitário e triste
Deste meu poetizar
Num momento está comigo
No outro a vejo se afastar
Vejo os versos indo embora
Para a imensidão azul tristonha
Nas profundezas de incertezas
O som das águas trai o olhar
Em teu som bravio intenso
Assusta até quem é do mar
Pois nas águas traiçoeiras
A firmeza dos pés na areia
É roubada ao teu soar
Sem pegadas rima ou forças
Sinto o corpo desequilibrar
Tento fugir das tuas águas
Para tentar me preservar
Não encontro mais saída
Nas lágrimas desse amor
Aos poucos sinto-me afogar