O Verdadeiro Artista
Eu cantava... Timbres calibrados e bem direcionados
Magníficas canções eu compunha com sabedoria
No palco meus talentos eram sempre elogiados
E lindas músicas a multidão sempre ouvia
Porém, a plateia pedia bis sem conhecer a realidade
A Quimera dos meus pesadelos assoprava-me as notas
E minhas cordas vocais vibravam contra minha vontade
Enquanto um chicote açoitava minhas costas
Eu era escravo de meus anseios mais profundos
Fazia do espetáculo a minha versão mais branda
Para com a voz tentar conquistar mundos
E fazer caminhos mais curtos pra quem anda
Mas os tabloides me elegeram rei do vazio
Resolvi então desistir de todas as encenações
Meu auditório subitamente se tornou um fluente rio
Levando para sempre todas as embarcações.
(Guilherme Henrique)