O Verdadeiro Artista

Eu cantava... Timbres calibrados e bem direcionados

Magníficas canções eu compunha com sabedoria

No palco meus talentos eram sempre elogiados

E lindas músicas a multidão sempre ouvia

Porém, a plateia pedia bis sem conhecer a realidade

A Quimera dos meus pesadelos assoprava-me as notas

E minhas cordas vocais vibravam contra minha vontade

Enquanto um chicote açoitava minhas costas

Eu era escravo de meus anseios mais profundos

Fazia do espetáculo a minha versão mais branda

Para com a voz tentar conquistar mundos

E fazer caminhos mais curtos pra quem anda

Mas os tabloides me elegeram rei do vazio

Resolvi então desistir de todas as encenações

Meu auditório subitamente se tornou um fluente rio

Levando para sempre todas as embarcações.

(Guilherme Henrique)

PássaroAzul
Enviado por PássaroAzul em 03/03/2019
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