Esquecimento
Tudo é silêncio em um breu leve;
Estou sem o peso de um corpo e suas aflições,
me sinto flutuar no vazio inexistente.
Aqui, bem aqui neste lugar que não sei onde fica,
eu já despido da carne,
do pulsar inquietante do meu coração
navego nas correntezas do espírito.
Eu não me lembro,
não me lembro de nada de antes do breu e de depois do breu,
não me recordo de quem fui ou que forma tive,
mas reconheço a leveza de não ser nada.
Ora, estou morto? Não é possível, não pode ser, me sinto vivo!
Meu Deus!
Deus?
Deus, não é agora que nos encontramos?
Não sinto minhas mãos, ou melhor, não tenho mãos,
não tenho tórax, nem respiro, nem me ajeito, nem nada.
Alguém me sopra, sinto o vento que começa gelado e termina quente,
um vento que vem dos lábios de alguém descontente.
Não! Não me afastes assim! Não me conduza para o vazio!
Triste fim.
Sou lembrança morta, sepultada em mim.