Sutil que sofro
Quero sentir de outra forma pois sinto
Em forma de nada o meu querer,
Falta-me o oscilar do salgueiro ao vento,
Falta-me o sonho dentro do sonho,
-Fala-me da realidade curva e as cores,
Da forma que tem o tempo sem ter,
Em forma de álamo o meu querer ...
Paisagem num quadro, uma sutileza
Em cristal, um átomo a oscilar no tempo,
O espaço, um intervalo nulo, o meu ser
Embala-me no vulgar soprar - o ar,
Poeira inquieta o que tenho e não quero,
Milimétrico eu, vulgar sopro o que penso
Ser viver neste viver sem vida, que quase
Toco sem que me toque ele outro ...
Falta-me a sensibilidade negra do corvo,
Fala-me da ausência e da conclusão do dia,
Da hora tardia, fala-me da promessa
Não cumprida, do sermão e da dúvida
Necessária pra nos mantermos espíritos
E em forma de ar, o nosso ser sitiado,
Enfermo e em forma de nada mais
Que ar e ar, de mar cercado e sem saída.
Quero sentir-me de outra forma que não presa
Ao corpo nem à vida, sútil ao sopro,