NA CAVERNA
Toda vez que sinto,
Sento
E choro.
Tento morar na melhor parte de mim
E descubro-me desabrigado.
Meu pequeno cobertor, minha falta de simpatia.
Me exponho com medo do frio
E tudo que tinha deságua,
vai embora, escorre sobre meus dedos
num mar de planos desejados.
Não vingou, caiu no chão, misturou.
O resto foi um sorriso seco, ficou o medo
Num olhar sem horizonte.
Meu sorriso forçado para a posteridade
E rio,
Defronte ao espelho escancarando a verdade
Porque não sei quem sou
ou o que me calou.
Devo guardar ou deixar que voe esse pássaro?
O que faço das fotos pregadas no corredor?
Das ausências que acumulo?
Das Luzes que transbordam?
Da profundeza oca e da falta de direção?
O que faço com minha boca
Onde guardo esse estúpido coração?
Dir Valdir Lopes
#casadasletras