Veneno.

Mas, por que é que será

Que há sempre regras a seguir

Desde criança

Eu tinha hora de querer ou não

E me mandaram descer da árvore

E jamais subir no muro

Gostar da dança em que não via graça

E tinha hora de dormir

No quarto escuro

Tela em branco

A vertente de estrela

Era o fogo do Sol

O fato é que Atlas

Mais forte que eu

Obedecia

E sempre havia

Uma vela apagada

Capela

Uma destreza felina

No inferno, onde há caça

É triste

Mas de fato existe

Um prazo pra folha cair

A nuvem tapa o Sol

Mas a luz não se vai

Nem antecede a hora marcada

E em cada recinto que pisei

Alguém queria sempre ser o rei

Em cada lugar

Tinha veneno

Que vinha de bicho ou de folha

...Mas tinha e tanto mal fazia

A cada qual

Conforme a imprópria natureza

Era o mal sentado à mesa

Muitas vezes no lugar ao lado

Conforme gira o mundo

Há uma vaga ideia de que o mundo gira

São coisas que a gente ouve

Não escuta

E pensa que entendeu

Mas é esperto o suficiente pra mudar

E parar o tempo e fazer melhor

Pois podia voar triunfante

E ir mais adiante que qualquer condor

Não há nada que se achegue perto disso

E tinha uma vontade

Bem maior que a correnteza

Não havia espera e nem tempo

A fera no fundo do rio

Não pensa

E eu pensei

Que pensava melhor do que ela

Até que numa bela tarde...a folha cai

E o veneno destilado, do lugar ao lado

Faz a gente olhar a vida

de maneira diferente.

Edson Ricardo Paiva.