NA PROCURA DO NADA
NA PROCURA DO NADA
Na procura de algo te amo tanto,
Sou tonto, pois te amo demais;
Sonho tua voz em pensamento,
Ouço teu riso a rir de mim.
Por te amar sou quase nada,
Apenas no campo um vaga-lume;
Tentando cortejar nas madrugadas,
A lua estranha e vagabunda.
Nesta vida calada que nada colhi,
Sou a semente estéril de algum futuro violável;
Onde o sol da ilusão e da incerteza,
Transforma em dia as minhas noites de solidão.
Porque te amo tanto eu não sou nada,
Se nada sou, nem louco posso;
Hoje que a noite de tempestade quer me ferir,
Sinto me igual a um marinheiro no negro mar.
*J.L.BORGES