Camafeu
Aquele rosto
No camafeu
Que tu portavas,
Não era o meu.
Não era eu
A sílaba quente
Que recitavas
Em tua febre.
Olhei, de leve,
Por sobre teus ombros
Me vi nos escombros
Das tuas lembranças,
Enquanto outra flor brotava
De uma semente
Que alguém soprara.
Aquele eco
De passos novos
No corredor
Só me falava
De um outro amor.
Enquanto os meus
Iam aos poucos
Se distanciando,
Tu seguias
Lado a lado
Com os outros passos,
Os teus e os dela
Sincronizados.
Virei fantasma,
E por um tempo
Me aprisionei
Entre as paredes
Da nossa casa,
Mas não me vias,
Não me notavas.
Eu era apenas
O espírito sem luz
No qual não crias...
Não me sentias,
Não me enxergavas,
E nem sequer
A minha voz
Psicografavas.