Rua Felipe (De um Cenário para Outro)
Rua Felipe (De um Cenário para Outro)
Parte 5
Ainda consigo ouvir o som das ondas se confundindo ao timbre das suas verdades, suaves verdades chegando úmidas ao terreno das minhas emoções e lá, onde o tempo tão curto nos levou, as palavras ainda trêmulas diante de um desfecho desconhecido se tornaram uma chave e abriu uma porta que dava exatamente para a Rua Felipe, onde nunca estive, onde julgo-me desmedidamente e lá, confortavelmente falei de detalhes recentes de uma dor que é minha inquilina.
Empatia tomou conta do espaço e além das lágrimas incontida nos meus olhos, pude notar também os seus marinados. E ouvi uma imensidão de vocábulos bem encaixados, dando sentido a sensações tão íntimas e sem sequer me expor, eu me vi exatamente em palavras que não eram as que tantas vezes sai de dentro de mim.
E eu descansei, cuidadosamente, sem penar ou reservas do desconhecido já mencionado.
Eu fiz morada no abraço terno e ouvi tão belo pela primeira vez que o que sinto não é saudade, é uma dor sem prazo de validade que aos poucos consigo lidar! Dou-me tempo e aprendo a não me exigir e não ser exigido, busco estar bem comigo nas terapias de um lugarzinho chamado "meu lar". Ainda nessa doce companhia houve um instante que parei para ouvir o vento e naquele exato momento senti o vento tão calmo estar.
Então a hora nos abençoou, ela não passou, não incomodou, foi um tempo amigo, enquanto isso, selamos a vida, brindamos em alegria o final para começar e os semáforos estiveram vermelhos a nosso favor, a fim de ver quão meigos ambos os olhares e se olhares bem que incrível seria retornar, ou sei lá, desbravar novos cenários, por que agora começo a atender que a Rua Felipe não é uma rua sem saída, mas fica de esquina com a vida, se eu assim quiser caminhar.
Victor Cunha