A morte da poesia
para que serve a poesia
senão para cantar uma vida vazia
onde estão os que a acolhem e enobrecem
de coração aberto para a realidade fria
cada vez mais velha vai se esboroando
em mares de lama e labaredas de cristal
aos sarracenos foi dada a alegria do mal
por entre as frestas de castelos sem sal
aos poetas foi dada a liberdade do dizer
em soluços e prantos até morrer
o que farei se a tristeza nunca me cala
e a verdade parece escorrer por mim
como se fosse mortalha de uma vela acesa
certeza de me encontrar perdido e só
apenas com as migalhas deste poema
como um andarilho oculto pelo pó