MÃE

MÃE

Onde estavas que não te encontrei?

Onde se escondeu que não te achei?

Será que apenas foi sonho,

O sonho estrelado que imaginei?

Queria-te sempre a meu lado,

Mas a meu lado jamais tu ficastes;

Senhora estranha que nunca me abraça,

Senhora estranha, sisuda e calada.

Se tu me gerou, gerou minhas duvidas,

Que cresceram a meu lado me dando incertezas;

Eu hoje homem feito ainda careço,

De tua presença, pois sinto tristeza.

Eu sou o teu filho,

Mais um filho talvez;

Apenas um filho rebelde e incerto,

Um filho, um fato que nunca tem vez.

O tempo que passa talvez nos ensine,

Que um filho enjeitado é um filho também;

E com isso aprendo que tu genitora,

E eu o teu filho, semente de alguém.

*J.L.BORGES

Jorge Luis Borges
Enviado por Jorge Luis Borges em 30/12/2018
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