Navegante

Não me recrimines se hoje estou triste,

tão pouco, me cobre um sorriso que não existe.

E se esta ponte não se abre.

o que me cabe?

O que me cabe?

Mas pode ter a certeza.

meu coração ainda bate.

Ainda bate!

Navegar é preciso....

Sou um territorialista,

tenho a alma selvagem.

Mas hoje estarei á margem...

Outrora, em meus braços,

mas hoje sou vago.

Necessito de espaço.

Tô rompendo meus laços;

só assim me refaço.

Navegar é preciso....

Deixe-me aqui a sós.

Necessito desse silêncio.

Só eu e o vento.

Quero falar com minha alma,

pedirei a minha calma.

Soltarei as amarras,

confessarei minhas saudades.

De tudo o que me invade!

De tudo o que me invade!

Navegar é preciso....

Já não sou o presente,

viajei pro ausente.

Vou além deste porto,

reencontrar o meu horto.

Pelas águas do saudosismo,

navegar é preciso....

Só assim eu existo,

navegar é preciso...

Necessito estar vivo,

navegar é preciso....

Sou um porta-retratos,

a mão sobre o papel.

Eu sou o quarto.

Navego por estas linhas,

acima da escrivaninha.

Já encontrei o meu céu.

Sou muito mais que arquivo,

navegar é preciso..,

navegar é preciso...

Autor: Francisco de Assis Dorneles

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 28/11/2018
Reeditado em 26/12/2019
Código do texto: T6514428
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