Navegante
Não me recrimines se hoje estou triste,
tão pouco, me cobre um sorriso que não existe.
E se esta ponte não se abre.
o que me cabe?
O que me cabe?
Mas pode ter a certeza.
meu coração ainda bate.
Ainda bate!
Navegar é preciso....
Sou um territorialista,
tenho a alma selvagem.
Mas hoje estarei á margem...
Outrora, em meus braços,
mas hoje sou vago.
Necessito de espaço.
Tô rompendo meus laços;
só assim me refaço.
Navegar é preciso....
Deixe-me aqui a sós.
Necessito desse silêncio.
Só eu e o vento.
Quero falar com minha alma,
pedirei a minha calma.
Soltarei as amarras,
confessarei minhas saudades.
De tudo o que me invade!
De tudo o que me invade!
Navegar é preciso....
Já não sou o presente,
viajei pro ausente.
Vou além deste porto,
reencontrar o meu horto.
Pelas águas do saudosismo,
navegar é preciso....
Só assim eu existo,
navegar é preciso...
Necessito estar vivo,
navegar é preciso....
Sou um porta-retratos,
a mão sobre o papel.
Eu sou o quarto.
Navego por estas linhas,
acima da escrivaninha.
Já encontrei o meu céu.
Sou muito mais que arquivo,
navegar é preciso..,
navegar é preciso...
Autor: Francisco de Assis Dorneles