O barulho

No silêncio merecido,

Surge sempre aquele barulho conhecido.

O barulho que atormenta

O barulho que nos oprime

Aquele barulho que nos faz refém

Sem hora marcada o barulho vem.

Aquela pessoa na rua, em casa, escola ou trabalho

Sente o desespero e se esconde de algum lado.

É o dia que todo mundo volta a ser criança brincando de pique esconde na rua,

Mas hoje quem perder na brincadeira perde sua vida nua e crua.

Quando se escuta o barulho

Quem tá fora e dentro de casa já se prepara pois pode haver de tudo

Às vezes o barulho surge rápido,

Suficiente pra causar o estrago.

Nessa hora, o barulho é a hora da verdade

Mas a verdade só serve se o barulho vier diretamente pro pretinho morador da comunidade.

Se vier pro engravatado ladrão ou o político corrupto

O barulho é um escândalo, absurdo, até para o mundo.

É que o barulho que eu falo,

É do barulho que vem com o destino já vago.

É o barulho da arma,

Após ser disparada da mão do policial

Disparando a bala sem mira certeira.

Se acertar no inocente,

Ah menos um, que pena...

Se acertou no classe alta, é notícia e só oração,

Só que pra nós ninguém reserva caixão.

De noite é o barulho do tiro

Pela manhã o silêncio profundo e a comoção

Você viram alguma coisa aqui?

Não senhor

Ninguém viu nada não.

E é desse barulho que só a favela sente medo

Porque o barulho vem das mãos de quem deveria nos dar segurança por direito.

Gabe Vieira
Enviado por Gabe Vieira em 23/11/2018
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