ENIGMA
Escrevo no silêncio perdido
de um quarto-crescente,
escrevo com o coração ferido
a tragédia de um amor ausente...
Escrevo no silêncio perdido
de uma madrugada quente,
escrevo como homem sofrido
a angústia do tempo presente ...
Escrevo no silêncio perdido
com os meus dedos ágeis,
escrevo o segredo escondido
nas reticências e nas rimas frágeis...
Escrevo no silêncio perdido
das coisas inimagináveis,
escrevo com o que não digo
em parcas linhas sugestionáveis...
E as palavras,
qual lâminas sedentas de sangue
que me cortam os pulsos
e o coração,
ao mesmo tempo em que me revelam,
também me ocultam
no silêncio perdido da solidão.
Um enigma,
uma charada,
um quebra-cabeças sem solução...
Minhas reticências:
espaço vazio onde escrevo
tudo o que não ouso dizer...