A CAMINHO DO ASILO

(Prevendo o futuro)

Meu frágil corpo

Já não aceita meus comandos

Passos lentos e pesados

Minhas pernas doidas não me obedecem

Braços pesados, mãos tremulas e fracas

Não consegue mais levar um copo d’água a boca

Para ir ao toilet preciso de ajuda

É constrangedor mais preciso reconhecer

Já não ouço bem a TV

Nem as algazarras das crianças

Minhas vistas estão embaçadas

Não é a janela que está suja

Já não reconheço sobrinhos nem vizinhos

Nem com o maior grau dos óculos

Não tenho netos para zangar nem acalentar

Não produzir frutos

Agora peço ao Pai a brevidade da partida

Sair de cena pelas portas do suicídio não

Nem tenho forças para o desejo se consumar

Peço a caridade de alguém

Encaminhar-me ao asilo

Não quero ser peso para ninguém

Quero lá ficar na companhia da solidão

Junto aos outros anciões.

Saudades do Poeta amigo Tony Bahia.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 09/11/2018
Reeditado em 20/11/2018
Código do texto: T6498363
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.