A CAMINHO DO ASILO
(Prevendo o futuro)
Meu frágil corpo
Já não aceita meus comandos
Passos lentos e pesados
Minhas pernas doidas não me obedecem
Braços pesados, mãos tremulas e fracas
Não consegue mais levar um copo d’água a boca
Para ir ao toilet preciso de ajuda
É constrangedor mais preciso reconhecer
Já não ouço bem a TV
Nem as algazarras das crianças
Minhas vistas estão embaçadas
Não é a janela que está suja
Já não reconheço sobrinhos nem vizinhos
Nem com o maior grau dos óculos
Não tenho netos para zangar nem acalentar
Não produzir frutos
Agora peço ao Pai a brevidade da partida
Sair de cena pelas portas do suicídio não
Nem tenho forças para o desejo se consumar
Peço a caridade de alguém
Encaminhar-me ao asilo
Não quero ser peso para ninguém
Quero lá ficar na companhia da solidão
Junto aos outros anciões.
Saudades do Poeta amigo Tony Bahia.