Indiferença





Passeio os olhos  pelo rés do chão,
E o seio abrasa em sua presença
O silêncio que grita, é a prisão
forjada nesta atroz indiferença.
 
 
É Tanto a falar, e a voz só pensa
Como um vulcão contido no meu peito
Este amor secreto, imperfeito:
É senha para uma dor imensa.
 
 
Ah! Quanto de querer em tantos dias!
Ah! Quanto há de mim nesta sentença.
Emudecida flor em agonias
Fincada no concreto, a lava densa.

 
Eu morro um pouco a cada vez que calo
E escondo este amor na carne tensa
retendo nossa história assim, suspensa
No vão deste mutismo em que resvalo.

 
 
Iolanda Pinheiro



Poesia inspirada na imagem abaixo, com o objetivo de participar de um exercício literário entre amigos escritores.



              

- Espaço dos Amigos -


Interação do sempre generoso amigo Poeta Olavo


Minhas águas caem pelo rosto,
Com lágrimas de grande tristeza,
Poderão subir rios de desgosto,
Por falta de amor com certeza.

Longe de ti saudade aumenta,
Chega insone no alvorecer,
Meu amor de ti se alimenta,
Mesmo tão distante de você.

                  -xxx-

Na tempestade que foi nossa paixão,
Varri pro lixo toda a minha dor,
Nunca mais vou sentir desilusão, 
Por não saber escolher um amor.

                 -xxx-

Faça desta indiferença.
Um jeito próprio de reagir
Mostre a sua forte presença 
Ao conjugar o verbo sentir.

Interação da bela e querida Cristina Gaspar, obrigada!

Quanta dor e intensidade
Insuportável indiferença
Te entreguei minha verdade
Fiquei só, em tua presença

No músculo do coração
Apenas os soluços pulsam
Nas veias lágrimas de emoção
Os olhos sentidos cansam

A tua trilha era luminosa
Teu semblante trazia alegria
Tua tez altiva e sestrosa
Inspirava a minha poesia

Me enredastes com fluidez
Cai de quatro, boba, iludida
Hoje sinto toda a minha estupidez
Na alma rasgada, profunda, ferida
               -xxx-



Interação do talentoso e elegante Jota Garcia, obrigada!

PAIXÃO

Na escultura a clareza dos traços, 
No corpo atlético talhado à mão 
Músculos, fibras, seios, perfeição,
Força represada naqueles braços.

Mas toda esta aparente fortaleza
Vai abaixo qual castelo de cartas 
Quando a paixão de tudo nos afasta 
Com a força maior da mãe natureza.

A paixão põe viseira em nossa vista
Nos reduzindo o campo da visão, 
Apenas um ser dentre a multidão
Nos acende o olhar e nos conquista.
                 -xxx-

Interação da bela e querida criadora do Ordonismo - Raquel Ordones.

Eu vim ler essa tristeza,
Que não sei se é ruim,
Faz nos crescer, enfim,
Que em versos é beleza,

Da alma a profundeza,
E que essa indiferença,
Não nos tire toda crença,
Que a luz irá ressurgir,
Que o melhor é sorrir,
Apesar da desavença


Interação do talentoso  poeta  e amigo Sergio Souza, que muito me honra

Indiferenças sugerem procedências,
Ora nos atingem, ora são as nossas,
Quando nos surtam, são demências,
Quando somos autores, são bossas.
Nossas dores são maiores, sentimos,
A dos outros é frescura, logo passará,
Damos diagnóstico, o remédio curará,
Quanto às nossas, a cura perseguimos.
Por mais e melhor que tenhamos feito,
Permanecemos recebendo descrédito,
Pode ser sina ou o nosso único direito,
Seguimos tentando, tentando o inédito.
Vivendo assim, lá se vão alguns anos,
Passaram depressa, diz a esperança,
Pareceu-me eternidade ou a vingança
Querendo acertar suas contas e danos.